Grupo de estudos e pesquisas pós-estruturalistas da infância, de bebês e de políticas públicas para a educação infantil

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Estudos de bebês: Linhas e perspectivas de um campo em construção.


Artigo publicado por Publicado por Gabriela Tebet e Anete Abramowicz na revista ETD (Educação temática Digital) deste mês.


Um pouco mais que um resumo...


Este artigo visa contribuir para os Estudos de bebês nas ciências sociais e humanas. A partir de pesquisa bibliográfica, apresenta-se contribuições da História, Antropologia, Sociologia, Filosofia, Pedagogia e Geografia para a constituição do campo em questão.
A partir de um diálogo com o pensamento pós-estruturalista, consideramos que
"o conceito de sujeito que existe fora das relações sociais é uma herança do dualismo cartesiano que ainda precisa ser superada nas ciências sociais. Enquanto o Estruturalismo resolveu esse dualismo (ou binarismo, como o temos denominado) abolindo o sujeito e fazendo dos indivíduos simples possuidores de relações sociais, o pensamento pós-estruturalista conserva o sujeito fazendo deles, os efeitos do discurso". (JAMES; PROUT, 1997, p. 24)
Desse modo, os autores argumentam que, ao invés de buscar o que seria uma “criança real” ou a “experiência autêntica da infância”, os Estudos da Infância deveriam buscar realizar “a análise do modo como diferentes práticas discursivas produzem diferentes infâncias, cada uma e todas elas ‘reais’ em seus próprios regimes de verdade” (JAMES; PROUT, 1997, p. 26). No que diz respeito aos Bebês, a partir dessa perspectiva e tentando dialogar com questões formuladas por Barbosa, Delgado e Tomás (2016, p. 106) sobre o que define um bebê? Entendemos que, por um lado, o contexto social e histórico nos quais se constroem discursos e práticas específicos é responsável por defini-los; e por outro, a maneira pela qual eles se constituem como sujeitos, se subjetivam, se singularizam também colabora para conformá-los. Portanto, há duas tarefas complexas para serem realizadas nos estudos dos bebês: compreender como os discursos sobre eles se proliferam, se constituem e se diferenciam dos discursos sobre as crianças e, além disso, compreender a maneira pela qual eles se individuam, se subjetivam e se singularizam de maneira “original” e que lhes é própria.
Assim, iniciamos o texto apresentando o modo como um conjunto de publicações tem trazido os bebês para o centro dos debates acadêmicos no âmbito de diversas disciplinas e em diversos contextos geográficos. Os resultados da pesquisa indicam produções e debates que podem contribuir para compor a base do campo proposto. A partir das linhas traçadas, indica-se como perspectivas para este campo em construção as cartografias, mapas dos trajetos como uma abordagem promissora em Estudos de bebês, na medida em que poderia permitir aos investigadores seguir os minúsculos, mesmo que mínimos, gestos e eventos que compõem a vida de bebês, contribuindo para uma melhor compreensão deles a partir de sua perspectiva. Apresenta algumas experimentações cartográficas e por meio deste movimento, visa integrar e contribuir para compor o campo epistemológico e metodológico denominado Estudos de bebês.